Eu não tenho filhos. Talvez nunca os venha a ter. O sentimento que conheço mais próximo do que possa ser o amor por um filho é o que tenho pelos filhos que não são meus. Ou talvez até sejam. Os meus sobrinhos são filhos de coração. Racionalmente sei que não é a mesma coisa. Sei que não pode ser. Emocionalmente, não consigo imaginar um amor maior. Tenho o privilégio, de vez em quando, de lhes dar mimo e ralhetes, de afagar choros e gargalhadas, de curar joelhos esmurrados e sustos de papões.
Hoje foi o dia em que o meu coração ficou mirrado como uma ervilha por ter dado duas palmadas ao meu sobrinho mais velho. Porque foi mal-educado comigo e com o avô. Porque o comportamento persistiu depois de muitas advertências. Porque ele estava à minha responsabilidade. Porque não podia fingir que não se tinha passado nada. E porque amar também é educar...
Depois ele acalmou. Mais tarde pediu-me desculpa. Pediu desculpa ao avô. Conversámos. Dei-lhe mimo. Mas ainda me doem as duas palmadas que lhe dei.
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ResponderEliminar(mas eu tenho algum prazer nas palmadas)
Infelizmente já o tive que fazer com os meus netos, custa-nos muito,mas eles sabem que o fazemos por amor...
ResponderEliminarAbracinho meu
Também sei o que isso é... e dói ainda mais quando a minha filhota de 3 anos, vem, passados uns minutos, enroscar-se carinhosamente no meu pescoço. É que as crianças, na sua simplicidade, não guardam rancor; o que só majora o peso na consciência.
ResponderEliminarMas, como bem disseste, [...]amar também é educar. E educar, acrescento eu, obriga, por vezes (oxalá raras), às ditas palmadas.
Johnny,
ResponderEliminarprefiro os mimos às palmadas
Maria Teresa,
Mesmo que não saibam agora, um dia hão-de compreender...
Demóstenes,
Realmente as crianças não são complicadas como nós. Parece que nos dizem "Se me deres um abraço, prometo-te que vai correr tudo bem"...
*Um abraço
Essa é a forma de eles um dia recordarem de quem realmente os ama!
ResponderEliminarParabéns pelo blog.
Tudo farei para que eles não se esqueçam :)
ResponderEliminarMuito obrigada pelas palavras e bem-vindo!
No fundo, as crianças são pequenas pessoas. É assim que as vejo.
ResponderEliminarSeja um adulto, criança ou até mesmo o nosso adorado animal de estimação, se este não tem a perfeita noção de onde deve acabar a sua liberdade, para que comece a do próximo, bom, então não passa de um ser pobre e mesquinho.
A maturidade e crescimento passa em grande parte pelo saber ver pelos olhos de outrém.
Ainda bem que há pessoas como tu que têm a força suficiente de transmitir estes bastiões essenciais da vida.